O sono
Aproximadamente 1/3 da vida humana é passada dormindo. O sono é um período com diferentes estágios, portanto, não é um processo passivo.
Alguns distúrbios de sono fazem com que o médico recomende um registro polissonográfico, o qual acompanha todas as alterações durante o sono de determinado paciente.
Fases do sono e registro polissonográfico
Fase 1: ao se fechar os olhos, a respiração torna-se uniforme, os músculos distendem e a atividade cerebral fica mais lenta do que no estado de vigília. Essa fase costuma corresponder a 2% até 5% do sono.
Fase 2: as ondas cerebrais ficam ainda mais lentas, a pessoa já dorme, porém não profundamente. O estágio dura cerca de cinco a quinze minutos e ocupa quase 50% do sono.
Fase 3 e 4: nessas fases é difícil acordar a pessoa que dorme, pois este é o período mais profundo do sono. Tem duração média de 70 minutos, mas retorna para a fase 2 para adentrar a fase REM, caracterizada pelos movimentos rápidos dos olhos.
Ciclo do sono
É o nome dado ao conjunto das quatro fases do sono (1, 2, 3/4 e REM). Este ciclo tem duração total de 90 a 100 minutos, sendo repetido de 4 a 5 vezes durante o sono.
Fase REM e Não REM
A fase REM é caracterizada pelo momento em que se sonha e pode ser definida como o estágio que possui maior atividade cerebral e pela suspensão de atividade motora do corpo, pois todos os músculos do organismo passam por uma atonia, exceto o diafragma e os músculos oculares. É comum, nessa fase, o controle inadequado da temperatura corporal, entre outros. Esta fase ocupa cerca de 25% do tempo de sono.
A fase não REM é caracterizada por uma relativa tranquilidade nas atividades cerebrais e movimentos corporais. O ciclo se repete cerca de 4 a 5 vezes para que o período de sono seja reparador. O sono profundo costuma corresponder apenas à primeira metade da noite, enquanto as fases 1, 2 e REM fazem parte da segunda metade do sono. O paciente, ao despertar na fase REM, consegue recordar de seu sonho.
Período de sono
O tempo que cada indivíduo deve dormir varia de acordo com sua necessidade de sono, idade e até fatores genéticos. Os recém-nascidos dormem cerca de 18 horas por dia, as crianças de 8 a 14 anos dormem até 11 horas seguidas, sendo que os pré-adolescentes possuem maior qualidade de sono, pois o mesmo passa a maior parte na fase 3/4.
É comum que um adulto necessite de 7 a 8 horas de sono, enquanto um idoso tende a dormir cerca de 5 horas.
Interferências ambientais
Ruídos: ativam o sistema nervoso, não permitindo que o indivíduo repouse de maneira adequada.
Luz: algumas pessoas apresentam sensibilidade à luz, sendo perturbadas durante o sono com luzes até de pouca intensidade.
Temperatura: é importante que a pessoa durma em um ambiente confortável. Sensações de frio e calor podem causar interferências significativas na qualidade do sono.
O ronco
O ronco é um ruído provocado por estreitamento ou obstrução nas vias respiratórias superiores durante o sono. Esse estreitamento dificulta a passagem do ar e provoca a vibração dessas estruturas. Pesquisas revelam que um em cada três adultos ronca durante algumas noites na semana, a maioria do sexo masculino com mais de 40 anos.
O ronco pode ser considerado normal, quando a pessoa está dormindo em decúbito dorsal (de costas), por exemplo, porque a musculatura da garganta fica mais flácida e a língua cai um pouco para trás. Mas, é classificado como patológico, quando ocorrem grandes vibrações e ruído intenso.
O ronco pode, ainda, ser sintoma da síndrome da apneia obstrutiva do sono (SAOS), patologia caracterizada por parada respiratória com duração de pelo menos dez segundos nos adultos, e dois ou três segundos nas crianças.
Causas
- Flacidez nos músculos da boca e da garganta;
- Amídalas e adenoides hipertrofiadas;
- Desvio do septo;
- Pólipos no nariz;
- Palato em forma de ogiva;
- Rinite, sinusite e obstruções nasais;
- Palato mole e úvula aumentados;
- Queixo retraído;
- Envelhecimento.
Fatores de risco
Funcionam como fatores de risco ou agravantes do problema:
- Pescoço mais grosso e mais curto;
- Obesidade;
- Ingestão de bebidas alcoólicas;
- Uso de remédios para dormir ou de calmantes;
- Dormir em decúbito dorsal;
- Excessos alimentares antes de dormir;
- Refluxo gastroesofágico;
- Tabagismo.
Diagnóstico
O diagnóstico da apneia pressupõe a participação de especialistas em diferentes áreas. A conduta inicial é levantar a história do paciente, ouvindo uma pessoa próxima, pois dificilmente quem sofre de apnéia tem consciência do que lhe acontece durante o sono. O exame físico criterioso feito a seguir e a polissonografia ajudam a fechar o diagnóstico.
Recomendações
- Roncar não é sinal de sono reparador. Se as pessoas próximas se queixam de que você ronca, leve-as a sério e procure assistência médica especializada;
- Fique atento: os roncadores podem ser tomados por crises de sono incontrolável durante o dia, o que certamente irá prejudicar seu desempenho no trabalho e torná-lo mais vulnerável a acidentes;
- Evite ingerir álcool e dê preferência a alimentos mais leves, especialmente antes de dormir;
- Recorra a artifícios que possam ajudá-lo a dormir de lado e não de barriga para cima;
- Mantenha seu peso em níveis ideais;
- Pratique exercícios físicos;
- Não fume.
Tratamento
Nos quadros mais leves de ronco e apneia, controlar os fatores de risco e a posição de dormir pode ser uma forma eficaz de tratamento. Para obrigar-se a dormir de lado, uma boa estratégia é costurar um bolso nas costas de uma camiseta e colocar dentro dele uma bolinha de tênis.
Pode também ser útil usar, à noite, um retrator de língua, ou seja, uma prótese intraoral móvel, que ajude a manter a boca fechada e a projetar a língua um pouco para a frente.
Para os casos graves, a melhor indicação é o CPAP nasal. Além de melhorar as crises de ronco, o uso do CPAP afasta o risco de problemas cardiovasculares e de hipertensão.
A indicação de cirurgia no tratamento do ronco e da apneia do sono tem de ser muito bem avaliada.
A técnica
A cirurgia do ronco é, principalmente, indicada em casos graves de ronco e apneia do sono. A técnica consiste em uma cirurgia plástica da garganta, tendo como objetivo aumentar o diâmetro das vias aéreas e reduzir a vibração ocasionada pela passagem de ar. O cirurgião remove os tecidos em excesso da garganta, promovendo de maneira imediata a facilitação de passagem ao ar.
Pré-operatório
É recomendada a avaliação cardiológica completa, além da consulta com endocrinologista e pneumologista.
Pós-operatório
É apenas requisitada a manutenção no tratamento necessário. Seja ele com fonoaudiólogo, endocrinologista, otorrino, entre outros profissionais médicos.
Resultado
O resultado jamais será um êxito total se não houver um comprometimento do paciente em dar continuidade ao tratamento.
Resumo técnico
- Nome técnico: uvopalatofaringoplastia ou uvulopalatoplastia
- Parte do corpo: garganta
- Idade recomendada: a partir dos 18 anos
- Anestesia: geral
- Duração da cirurgia: em média 2 horas
- Permanência na clínica: de 1 a 2 dias
- Cicatriz: não é visível
- Pré-operatório: exames de laboratório
- Pós-operatório: repouso relativo
- Tempo de recuperação: 20 dias
Dúvidas frequentes
Qual anestesia é utilizada no procedimento?
Geral.
A cirurgia do ronco exige internação?
Depende da extensão e da correção a ser realizada pela cirurgia.
Posso falar após o procedimento?
Sim.
Sentirei dor?
A cirurgia é levemente dolorida, mas ainda assim é possível amenizar as possíveis dores.
Em quanto tempo posso retornar às minhas atividades?
Em média 10 dias.
Precisarei usar um curativo?
Não.
É feito algum corte externo?
Não.
Dicas para um sono melhor
- Procure despertar e dormir sempre nos mesmos horários.
- Procure dormir num ambiente silencioso, escuro e de temperatura confortável.
- Evite ingerir bebidas alcoólicas.
- Evite ingerir bebidas estimulantes, como as que contêm cafeína.
- Não fume.
- Evite assistir televisão meia hora antes de ir para cama.
- Coma coisas leves, principalmente antes de dormir.
- Jamais se automedique.
- A atividade física deve ser realizada regularmente pelo menos 4 horas antes de dormir.
Fonte: Dr. Drauzio e Master Health